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Ex-donos da Eletrocity querem a empresa de volta

Ex-donos da Eletrocity querem a empresa de volta

Antigos sócios questionam gestão dos novos controladores, que estão no comando da empresa desde o ano passado

Publicado em 6 de abril de 2018 às 23:14

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Uma das redes de comércio mais famosas e tradicionais do Espírito Santo, a Eletrocity vive um imbróglio mais complicado do que se imagina. Com dívidas estimadas em R$ 54 milhões, a varejista entrou em recuperação judicial há um ano e foi vendida em junho de 2017 para um grupo paulista, que assumiu os passivos e se comprometeu a quitar os déficits. De lá para cá, a empresa pediu o fim da recuperação judicial, fechou todas as unidades, demitiu funcionários e teve o valor das dívidas elevado para R$ 127 milhões.

Diante desse cenário, os fundadores da empresa agora querem brigar para reerguer a rede, nem que seja necessário ir à Justiça para desfazer a venda por quebra de contrato e ter de volta o controle da varejista.

Segundo o advogado Carlos Luiz Zaganelli Filho, que representa o ex-proprietário e fundador da rede, Jackson Laurett, a ideia inicial é notificar o grupo Colleman, que adquiriu as lojas, para buscar respostas do que ele chama de desmonte da marca. O advogado explica que o contrato de venda previa a quitação dos débitos em um ano, mas isso não tem sido feito segundo ele, que afirma que se precisar os antigos acionistas estão dispostas a brigar na Justiça.

“Nós estamos planejando ajuizar ações de questionamento, para saber a real situação da empresa e o que está sendo feito. Se não cumprirem, vamos buscar na Justiça para retomar a empresa e, posteriormente, pedir de volta a recuperação judicial. A situação chegou ao ponto que, mesmo não sendo mais acionista, o Jackson está sendo convocado para justificar essas dívidas”, afirma.

A razão da briga para ter a empresa de volta, de acordo com a advogado, seria o “fechamento ilegal” das lojas. Conforme A GAZETA já noticiou, entre setembro e dezembro do ano passado, já sob comando do grupo paulista, as últimas unidades da Eletrocity que ainda estavam abertas fecharam as portas. Entretanto, não foi decretada falência e o grupo Colleman afirmou que não encerrou as atividades.

“Antes de vender, foi feita uma minuciosa auditoria em tudo. Aí teve a venda, que foi a um preço simbólico, para que eles sanassem os problemas e reestruturassem a empresa. A auditoria apontava e estava previsto no contrato de venda a necessidade de reforçar o caixa e fazer investimentos para reerguer a marca”, pontua.

Zaganelli, no entanto, ressalta que a restruturação não tem sido feita. “Pelo contrário, não pagaram os credores, fecharam tudo, não pagaram funcionários nem dívidas trabalhistas. Fora isso, ainda venderam ativos da empresa. É, na nossa visão, um verdadeiro desmonte dessa que foi uma das marcas mais valiosas do Estado por muitos anos”.

O pedido de saída da recuperação judicial feito assim que o grupo assumiu a empresa é outro dos pontos questionados. “Aquele era um plano montado junto com os credores para solucionar as dívidas. Quando eles entraram, tiraram da recuperação e não honraram os débitos, mas praticamente fechar a empresa de forma irregular.”

OUTRO LADO

A reportagem tentou contato com o grupo Colleman por telefone, mas não obteve sucesso. Também foi pedido um posicionamento via e-mail, mas não houve retorno até o fechamento desta edição. Em janeiro, o grupo havia afirmado para A GAZETA que não encerrou as atividades da rede e que é impossível recuperar uma marca desse porte em um prazo inferior a 18 meses.

HISTÓRICO DA EMPRESA

1985

Nasce a Eletrocity

Primeira loja é aberta em Campo Grande, Cariacica, comercializando produtos eletroeletrônicos.

Anos 90

Consolidação

No início da década de 1990, a marca se consolidou em Cariacica e abriu mais duas lojas, e firmou-se no segmento.

Anos 2000

Expansão

No início da década, a rede iniciou sua franca expansão. O grupo passou a atuar em toda a Grande Vitória e, posteriormente, no interior capixaba e na Bahia. No seu auge, a Eletrocity chegou a contar com 22 lojas: 12 na Grande Vitória, sete no interior do Estado, e mais três no Sul da Bahia.

2010 a 2015

Dificuldades

O processo de expansão dos anos anteriores trouxe dívidas e a empresa começou a ter dificuldades financeiros. Iniciou-se o fechamento de unidades.

2016

Demissões

Com o avançado fechamento de lojas, sobretudo no interior, a empresa firmou um acordo para rescisão contratual com os trabalhadores demitidos. Com as dívidas, os sócios começam a estudar a venda e a recuperação judicial.

2017

Recuperação

Em março, foi aprovado o pedido de recuperação judicial da rede Eletrocity, que devia, à época, R$ 54 milhões.

Venda

Em junho, a empresa foi vendida para o grupo paulista Colleman, que assumiu as dívidas. Em novembro, a nova proprietária pediu o fim da recuperação judicial, que foi aprovada pelos credores.

Fechamento de lojas

Em dezembro, as duas últimas unidades da rede que ainda estavam abertas fecharam as portas. A nova controladora, no entanto, afirmou que não encerrou as atividades.

2018

Questionamento

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Os antigos proprietários questionam o não cumprimento do contrato de venda, que estabelecia o sanamento da dívida em um ano, ou seja, até junho, e o fechamento de lojas. A promessa é de recorrer à Justiça para reaver a rede.

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